quinta-feira, 21 de março de 2013

Educar Com Afetividade Sabendo Dizer “Não”



A afetividade acompanha o ser humano desde a sua vida intra-uterina, até a sua morte, se manifestando como uma fonte geradora de potência e energia, ela seria o alicerce sobre a qual se constrói o conhecimento racional.
Segundo Rossini, as crianças que possuem uma boa relação afetiva são seguras, têm o interesse pelo mundo que as cerca, compreendem melhor a realidade e apresentam melhor desenvolvimento intelectual.
A aprendizagem deve se prazerosa e ligada à ação afetiva. Para Rossini: “a afetividade denomina a atividade pessoal na esfera instintiva, nas percepções, na memória, no pensamento, na vontade, nas ações, na sensibilidade corporal, ela é componente de equilíbrio e da harmonia da personalidade”.
Vivenciamos uma era de mudanças ocorrendo cada vez de forma mais precipitada, devido à velocidade com que as informações chegam até a gente. Portanto, o desafio para este século, seria acompanhar este desenvolvimento tecnológico sem olvidarmos de que enquanto profissionais da educação, trazemos em mãos, seres humanos em desenvolvimento, que carecem de uma educação mais humanística, voltada para o ser humano em suas características de um ser dotado de corpo, espírito, razão e sentimento.
Se o mundo quase se tornou mecanizado, e os seres humanos quase se tornaram insensíveis, o homem está despertando a tempo de perceber que a consistência humana é imbuída de sentimentos, e que precisamos estar atentos a eles, uma vez que todo o progresso tecnológico e científico do século não garantiu ao homem alcançar a felicidade, assim como todos os comprometidos com as causas educacionais, encontram-se em busca de estratégias que permitam resgatar a auto-estima e valorizar as capacidades individuais em prol de toda a coletividade.
Enquanto pais e educadores devemos oportunizar às nossas crianças a promoção de sua afetividade, qualidade esta que propicie que seu emocional floresça, e ampliar-se ganhando espaço, pois a carência de afetividade desvia a rejeição aos livros, à ausência de motivação para a aprendizagem e à insuficiência de crescimento.
Segundo Rossini, “O desenvolvimento da afetividade pressupõe em um trabalho baseado em três alicerces (ou pontos básicos): limites, mitos do cotidiano e ritmos.”.
A criança é um ser social e por isso sujeita a influência do meio em que vive. Portanto devemos estar sempre precavidos às características e aos episódios da nossa sociedade, pois quando recebemos os nossos discentes em nossa classe, ele traz as impressões que vivenciou ou não, bem organizadas ou não.
Especialistas da Psicologia da Educação enfatizam, que atualmente vivemos em uma sociedade sem emoção, apática, amargurada e angustiada e a causa deste episódio seria a insuficiência de limites e de frustrações.
Rossini diz que a geração da década de 50 e 60 foi bastante reprimida, a liberdade era reprimida ao autoritarismo manifesta, praticada diretamente por coação. Já na década de 70 é decretado um “não” ao autoritarismo e passa-se a permitir tudo, numa ânsia desesperada pela liberdade. Até o presente momento sofremos seqüelas que essa iniqüidade causou a sociedade. Segundo ela “criar um filho sem nunca dizer “não” significa comprometer seu equilíbrio futuro: será um ser humano com dificuldade de tomar conta do próprio destino.”.
Faz-se necessário, portanto, que se comece a estabelecer limites desde que a criança é pequena, embora se trate de uma tarefa difícil, ela é mais complexa na adolescência, pois o adolescente já tem a base da vida adulta formada.
Na atualidade uma das maiores razões para a falta de limites seria provocada pela ausência constante dos pais, devido ao cumprimento de jornadas de trabalho prolongadas. Com isto estes sentem-se culpados por esta lacuna provocada por esta ausência, e esta culpa leva-os a uma compreensão errônea e perigosa; a concessão exagerada.
Estes pais devem compreender que o importante não é o número de horas que passa com seus filhos, mas a qualidade destes momentos, propiciando atenção, afetividade, companheirismo, e nestes momentos é preciso trabalhar com a questão dos limites, sem medos ou culpas, mas com convicção, pois isto permitirá que elas alcancem um desenvolvimento saudável e equilibrado.
Rossini afirma que “no pensamento da criança, a falta de limites é codificada como ausência de afeto, de amor. Portanto vale a pena dizer a elas o que fazer e como fazer, mostrar os limites”.
Para aflorar e desenvolver a afetividade é preciso resgatar os mitos do cotidiano, ou seja, fazer um resgate das tradições, às vezes lendárias ou não que explicam ou ilustram os principais acontecimentos da vida. Estes mitos estão relacionados à postura dos pais, professores avós, a história, aos brinquedos e brincadeiras e a religião.[1][1]
Na natureza tudo é cíclico, rítmico, ou seja, as horas, dias, a terra e seus movimentos, os oceanos e os animais com seus impulsos instintivos. Tudo que tem vida possui ritmos cíclicos.
O ser humano como fazendo elemento desta natureza, também tem o seu ritmo, entretanto mais complexo que dos demais seres vivos. Ao ser gerado estabelece seu ritmo cardíaco, ao nascer, respiratório...
Os ritmos externos, ou seja, tudo que ocorrer a nossa volta é captado por nós, por exemplo, o nosso comportamento modifica se ajustando ao ambiente em que nos encontramos, operamos de uma maneira em uma festa, de outra em sala de aula...
Isto se dá pelo episódio dos ritmos externos induzirem no comportamento humano, sabendo-se que na natureza tudo é cíclico e rítmico, cada vez que este ritmo é fragmentado ocorre à insegurança, o desequilíbrio, o desconforto.
Ao se instituir uma rotina como ancoragem de horários, hábitos, práticas rotineiras, este ritmo diário é interiorizado pelas crianças com ritmo bem estabelecido. A criança adapta-se a eles e não gosta de vê-los desrespeitados.
Portanto, a escola e a família, além de constituir estes ritmos diários, precisar cumpri-los na íntegra, conscienciosos de que isto é benéfico para a criança. Com isto é proporcionado a esta criança, aconchego, equilíbrio, segurança, contribuindo assim, para o desenvolvimento saudável da afetividade.



BIBLIOGRAFIA
COSTA, Antonio Carlos Gomes da. Pedagogia da presença: da solidão ao encontro. 2ª ed. Belo Horizonte: Modus Faciendi, 2001.
ROSSINI, Maria Augusta Sanches. Pedagogia afetiva. 3ª ed. Petrópolis: Vozes, 2002.

Fonte das Imagens: Imagens Google


[1][1] No livro da Rossini, a autora elucida mitos que temos no nosso cotidiano, que são negativos para a formação de nossas crianças, e nem sempre nos damos conta disto, e ao fazer a leitura conseguimos nos encontrar na situação, portanto sugeriria a leitura desta obra.