sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Solucionando Problemas Através do Brincar



RESUMO: Pretende-se com este artigo pensar o brincar, os jogos e situações-problema, como sendo recursos úteis para uma aprendizagem diferenciada e significativa. Para tanto se faz necessário que o professor ou o psicopedagogo reavalie o seu papel e suas atitudes, se fazendo um profissional ativo, que saiba tomar decisões e aceitar as formas de pensar de cada criança. Estas também precisam ser ativas, envolvidas nas tarefas e relações com pessoas e objetos, que sejam cooperativas e responsáveis. O ato de brincar é importante, é terapêutico, é prazeroso; e o prazer é o ponto fundamental da essência do equilíbrio humano. O substrato do brincar é que ele faça a criança avançar do ponto em que está no momento, propiciando que isto aconteça prazerosamente, e oportunize a ela que se transforme em um adulto crítico, que saiba se posicionar e que seja atuante socialmente.

 Tendo em vista a aprendizagem infantil, há a necessidade de se repensar toda a questão da inteligência e das capacidades das crianças.
Constantemente a vida nos apresenta problemas, ainda que estes sejam o de “como quitar os meus débitos” ou “como adquirir um emprego”. Para as crianças a vida apresenta menos problemas, pois sempre há alguém lhes negar a necessidade de resolvê-los sozinhas, sempre pensando por elas. Entretanto, observamos constantemente que quando brincam, começam a pensar sobre problemas e soluções.
O brincar da criança é um recurso formidável, de grande valia. Este possibilita o desenvolvimento de indivíduos criativos, atuantes que serão fonte de inovação tecnológica necessária a nossa própria sobrevivência. Surgindo, assim o uso do brincar infantil como alicerce para satisfação das futuras demandas da sociedade.
Tendo em vista a aprendizagem infantil, há a necessidade de se repensar toda a questão da inteligência e das capacidades das crianças.
Segundo Moyles: “Nem sempre é freqüente que as crianças mais ágeis tenham suas capacidades exploradas ao máximo. No entanto, geralmente estas que não conseguem resolver problemas como também as formular em primeiro lugar devem ter um papel na classe e devem poder usar seus talentos ao máximo”.
As crianças são solucionadores de problemas, tendo em vista que a solução de problemas envolve uma mente investigadora e uma curiosidade, além de solicitar, primeiramente que as crianças os reconheçam como problemas.
Pelo fato de as crianças não estarem conscientes daquilo que precisam saber a fim de executar uma tarefa, a escola e principalmente a sala de aula, necessita ser vista como estando potencionalmente cheia de problemas a serem resolvidos. Ao mesmo tempo, se faz necessário oferecer uma estrutura estável a partir da qual as crianças possam explorar os objetos, circunstâncias e episódios.
Se faz necessário que os professores repensem sua práxis, quando considera mais importantes os exercícios de lápis e papel, desprezando ou negligenciando o brincar. Com isto as oportunidades e habilidades infantis de solucionar problemas práticos, permanecerão limitadas ou mesmo inexistentes. Estas oportunidades existem constantemente, sendo preciso que os adultos envolvidos as reconheçam e pensem em como aproveitá-las.
O adulto ao lidar com a criança, necessita pensar como elas e empatizar com suas visões. Uma vez que dominem isto, terão a visão sobre outras possibilidades e potencialidades de atividades de resolução de problemas. Ao ser oferecida a criança oportunidades de discutir sobre situações-problema, estes se tornam pessoais, intencionais e permitem à criança uma base para verbalizar o seu pensamento.
Moyles diz que: “As crianças precisam ser capazes de separar o seu pensamento do contexto imediato da atividade e pensar sobre experiência reais e hipotéticas unicamente por meio de palavras”.
Não são apenas problemas práticos que requerem soluções. As crianças muitas vezes deparam com dilemas normais, como: “minha professora quer que eu resolva fatos matemáticos, mas o que quero no momento é fazer a experiência de ciências”, “mamãe não me deixa descer no play ground, mas meus amiguinhos estão lá, e quero brincar com eles”. Estes são dilemas criados pelos adultos constantemente e muitas vezes se dá involuntariamente; e nem sempre são encarados com simpatia, as soluções pessoais da criança para os problemas. Com isto fica claro que não podemos subestimar o poder de pensamento lógico da criança, nem se surpreender ao encontrarem maneiras novas e eventualmente fantásticas de lidar com as situações-problema.
Os adultos envolvidos com a criança não podem ensinar a resolução de problemas, embora, possa ajudar no desenvolvimento de estratégias. Deve ser aprendido pela criança que cada problema tem uma solução que é exclusiva daquele que o resolve, e esta solução depende do entendimento que cada criança já desenvolveu, reconhecendo a individualidade dos modelos internos desenvolvidos, e reconhecendo a individualidade dos modelos internos do mundo que a criança já construiu.
O brincar oportuniza para a criança descobrir, formular e resolver seus próprios problemas, através de experiências anteriores, as levando a examinar novos materiais e recursos. Com a exploração e com esforços mentais da criança, em observar, testar e experimentar, que o domínio é atingido.
Para despertar o interesse e a motivação, se faz necessário que o professor seja transparente em relação ao que espera da criança. Também é necessário que a criança conheça o material oferecido, e que este seja adequado a sai faixa etária, pois às vezes este pode causar problemas.
Ao serem propiciadas as crianças situações para um brincar desafiador apropriado, será assegurado e aumentará a aprendizagem potencial das crianças, permitindo que estas desenvolvam estratégias de pensamento ativo de ordem superior.
Afirma Moyles: “A resolução de problemas associa o intelectual ao prático; ela vincula habilidades e discussões. A resolução de problemas associa o intelectual ao prático; ela vincula habilidades básicas e habilidades de ordens superiores; ela vincula o ensino e a aprendizagem; ela condiciona a direção à escolha, essencialmente, ela vincula o brincar ao”trabalhar”.
Conclui-se, portanto, que os adultos envolvidos nas resoluções bem sucedidas de problemas com as crianças, precisarão de tempo para ajustar seus métodos e as crianças necessitarão de ser municiadas com idéias, por meio de atividades e discussões variadas, onde possam aprender de forma que lhe dê prazer, pois elas só se lembram das coisas às quais presta uma profunda atenção. Nenhuma das coisas que ignore parece deixar um traço de memória no cérebro.

BIBLIOGRAFIA
KISHIMOTO, M. Tizuko. O brincar e suas teorias São Paulo: Pioneira, 1998.
___________. O jogo, a criança e a educação. Petrópolis: Vozes, 1993.
MACEDO, Lino de. Et al. Aprender com jogos e situações problemas. Porto Alegre: Artmed, 2000.
MOYLES, Janet R. Só brincar? – O papel do brincar na educação infantil. São Paulo: Artmed, 2002.
REDIN, Euclides. O Espaço e o Tempo da Criança: Se Der Tempo a Gente Brinca. Porto Alegre: Mediação, 1998 (Cadernos Educação Infantil, v.6)
WINNICOTT, D.W. A criança e seu mundo. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.
__________. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975.

Fonte das Imagens: Imagens Google