RESUMO: Pretende-se com este artigo pensar o brincar, os jogos e
situações-problema, como sendo recursos úteis para uma aprendizagem
diferenciada e significativa. Para tanto se faz necessário que o professor ou o
psicopedagogo reavalie o seu papel e suas atitudes, se fazendo um profissional
ativo, que saiba tomar decisões e aceitar as formas de pensar de cada criança.
Estas também precisam ser ativas, envolvidas nas tarefas e relações com pessoas
e objetos, que sejam cooperativas e responsáveis. O ato de brincar é
importante, é terapêutico, é prazeroso; e o prazer é o ponto fundamental da
essência do equilíbrio humano. O substrato do brincar é que ele faça a criança avançar
do ponto em que está no momento, propiciando que isto aconteça prazerosamente,
e oportunize a ela que se transforme em um adulto crítico, que saiba se
posicionar e que seja atuante socialmente.
Tendo em vista a aprendizagem infantil, há a
necessidade de se repensar toda a questão da inteligência e das capacidades das
crianças.
Constantemente a vida nos apresenta problemas, ainda que estes sejam o
de “como quitar os meus débitos” ou “como adquirir um emprego”. Para as
crianças a vida apresenta menos problemas, pois sempre há alguém lhes negar a
necessidade de resolvê-los sozinhas, sempre pensando por elas. Entretanto,
observamos constantemente que quando brincam, começam a pensar sobre problemas
e soluções.
O brincar da criança é um recurso formidável, de grande valia. Este
possibilita o desenvolvimento de indivíduos criativos, atuantes que serão fonte
de inovação tecnológica necessária a nossa própria sobrevivência. Surgindo,
assim o uso do brincar infantil como alicerce para satisfação das futuras
demandas da sociedade.
Tendo em vista a aprendizagem infantil, há a necessidade de se repensar
toda a questão da inteligência e das capacidades das crianças.
Segundo Moyles: “Nem sempre é freqüente que as crianças mais ágeis
tenham suas capacidades exploradas ao máximo. No entanto, geralmente estas que
não conseguem resolver problemas como também as formular em primeiro lugar
devem ter um papel na classe e devem poder usar seus talentos ao máximo”.
As crianças são solucionadores de problemas, tendo em vista que a
solução de problemas envolve uma mente investigadora e uma curiosidade, além de
solicitar, primeiramente que as crianças os reconheçam como problemas.
Pelo fato de as crianças não estarem conscientes daquilo que precisam
saber a fim de executar uma tarefa, a escola e principalmente a sala de aula,
necessita ser vista como estando potencionalmente cheia de problemas a serem
resolvidos. Ao mesmo tempo, se faz necessário oferecer uma estrutura estável a
partir da qual as crianças possam explorar os objetos, circunstâncias e
episódios.
Se faz necessário que os professores repensem sua práxis, quando
considera mais importantes os exercícios de lápis e papel, desprezando ou
negligenciando o brincar. Com isto as oportunidades e habilidades infantis de
solucionar problemas práticos, permanecerão limitadas ou mesmo inexistentes.
Estas oportunidades existem constantemente, sendo preciso que os adultos
envolvidos as reconheçam e pensem em como aproveitá-las.
O adulto ao lidar com a criança, necessita pensar como elas e empatizar
com suas visões. Uma vez que dominem isto, terão a visão sobre outras
possibilidades e potencialidades de atividades de resolução de problemas. Ao
ser oferecida a criança oportunidades de discutir sobre situações-problema,
estes se tornam pessoais, intencionais e permitem à criança uma base para
verbalizar o seu pensamento.
Moyles diz que: “As crianças precisam ser capazes de separar o seu
pensamento do contexto imediato da atividade e pensar sobre experiência reais e
hipotéticas unicamente por meio de palavras”.
Não são apenas problemas práticos que requerem soluções. As crianças
muitas vezes deparam com dilemas normais, como: “minha professora quer que eu
resolva fatos matemáticos, mas o que quero no momento é fazer a experiência de
ciências”, “mamãe não me deixa descer no play ground, mas meus amiguinhos estão
lá, e quero brincar com eles”. Estes são dilemas criados pelos adultos
constantemente e muitas vezes se dá involuntariamente; e nem sempre são
encarados com simpatia, as soluções pessoais da criança para os problemas. Com
isto fica claro que não podemos subestimar o poder de pensamento lógico da criança,
nem se surpreender ao encontrarem maneiras novas e eventualmente fantásticas de
lidar com as situações-problema.
Os adultos envolvidos com a criança não podem ensinar a resolução de
problemas, embora, possa ajudar no desenvolvimento de estratégias. Deve ser
aprendido pela criança que cada problema tem uma solução que é exclusiva
daquele que o resolve, e esta solução depende do entendimento que cada criança
já desenvolveu, reconhecendo a individualidade dos modelos internos
desenvolvidos, e reconhecendo a individualidade dos modelos internos do mundo
que a criança já construiu.
O brincar oportuniza para a criança descobrir, formular e resolver seus
próprios problemas, através de experiências anteriores, as levando a examinar
novos materiais e recursos. Com a exploração e com esforços mentais da criança,
em observar, testar e experimentar, que o domínio é atingido.
Para despertar o interesse e a motivação, se faz necessário que o
professor seja transparente em relação ao que espera da criança. Também é necessário
que a criança conheça o material oferecido, e que este seja adequado a sai
faixa etária, pois às vezes este pode causar problemas.
Ao serem propiciadas as crianças situações para um brincar desafiador
apropriado, será assegurado e aumentará a aprendizagem potencial das crianças,
permitindo que estas desenvolvam estratégias de pensamento ativo de ordem
superior.
Afirma Moyles: “A resolução de problemas associa o intelectual ao
prático; ela vincula habilidades e discussões. A resolução de problemas associa
o intelectual ao prático; ela vincula habilidades básicas e habilidades de
ordens superiores; ela vincula o ensino e a aprendizagem; ela condiciona a
direção à escolha, essencialmente, ela vincula o brincar ao”trabalhar”.
Conclui-se, portanto, que os adultos envolvidos nas resoluções bem
sucedidas de problemas com as crianças, precisarão de tempo para ajustar seus
métodos e as crianças necessitarão de ser municiadas com idéias, por meio de
atividades e discussões variadas, onde possam aprender de forma que lhe dê
prazer, pois elas só se lembram das coisas às quais presta uma profunda
atenção. Nenhuma das coisas que ignore parece deixar um traço de memória no
cérebro.
BIBLIOGRAFIA
KISHIMOTO, M. Tizuko. O brincar e suas
teorias São Paulo: Pioneira, 1998.
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REDIN, Euclides. O Espaço e o Tempo da
Criança: Se Der Tempo a Gente Brinca. Porto Alegre: Mediação, 1998
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WINNICOTT, D.W. A criança e seu mundo.
Rio de Janeiro: Zahar, 1979.
__________. O brincar e a realidade. Rio
de Janeiro: Imago, 1975.
Fonte
das Imagens: Imagens Google
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