A afetividade
acompanha o ser humano desde a sua vida intra-uterina, até a sua morte, se
manifestando como uma fonte geradora de potência e energia, ela seria o
alicerce sobre a qual se constrói o conhecimento racional.
Segundo Rossini, as
crianças que possuem uma boa relação afetiva são seguras, têm o interesse pelo
mundo que as cerca, compreendem melhor a realidade e apresentam melhor
desenvolvimento intelectual.
A aprendizagem deve
se prazerosa e ligada à ação afetiva. Para Rossini: “a afetividade denomina a
atividade pessoal na esfera instintiva, nas percepções, na memória, no
pensamento, na vontade, nas ações, na sensibilidade corporal, ela é componente
de equilíbrio e da harmonia da personalidade”.
Vivenciamos uma era
de mudanças ocorrendo cada vez de forma mais precipitada, devido à velocidade
com que as informações chegam até a gente. Portanto, o desafio para este
século, seria acompanhar este desenvolvimento tecnológico sem olvidarmos de que
enquanto profissionais da educação, trazemos em mãos, seres humanos em
desenvolvimento, que carecem de uma educação mais humanística, voltada para o
ser humano em suas características de um ser dotado de corpo, espírito, razão e
sentimento.
Se o mundo quase se
tornou mecanizado, e os seres humanos quase se tornaram insensíveis, o homem
está despertando a tempo de perceber que a consistência humana é imbuída de
sentimentos, e que precisamos estar atentos a eles, uma vez que todo o
progresso tecnológico e científico do século não garantiu ao homem alcançar a
felicidade, assim como todos os comprometidos com as causas educacionais,
encontram-se em busca de estratégias que permitam resgatar a auto-estima e
valorizar as capacidades individuais em prol de toda a coletividade.
Enquanto pais e
educadores devemos oportunizar às nossas crianças a promoção de sua
afetividade, qualidade esta que propicie que seu emocional floresça, e
ampliar-se ganhando espaço, pois a carência de afetividade desvia a rejeição
aos livros, à ausência de motivação para a aprendizagem e à insuficiência de
crescimento.
Segundo Rossini, “O
desenvolvimento da afetividade pressupõe em um trabalho baseado em três
alicerces (ou pontos básicos): limites, mitos do cotidiano e ritmos.”.
A criança é um ser
social e por isso sujeita a influência do meio em que vive. Portanto devemos
estar sempre precavidos às características e aos episódios da nossa sociedade,
pois quando recebemos os nossos discentes em nossa classe, ele traz as
impressões que vivenciou ou não, bem organizadas ou não.
Especialistas da
Psicologia da Educação enfatizam, que atualmente vivemos em uma sociedade sem
emoção, apática, amargurada e angustiada e a causa deste episódio seria a
insuficiência de limites e de frustrações.
Rossini diz que a
geração da década de 50 e 60 foi bastante reprimida, a liberdade era reprimida
ao autoritarismo manifesta, praticada diretamente por coação. Já na década de
70 é decretado um “não” ao autoritarismo e passa-se a permitir tudo, numa ânsia
desesperada pela liberdade. Até o presente momento sofremos seqüelas que essa
iniqüidade causou a sociedade. Segundo ela “criar um filho sem nunca dizer
“não” significa comprometer seu equilíbrio futuro: será um ser humano com
dificuldade de tomar conta do próprio destino.”.
Faz-se necessário,
portanto, que se comece a estabelecer limites desde que a criança é pequena,
embora se trate de uma tarefa difícil, ela é mais complexa na adolescência,
pois o adolescente já tem a base da vida adulta formada.
Na atualidade uma
das maiores razões para a falta de limites seria provocada pela ausência
constante dos pais, devido ao cumprimento de jornadas de trabalho prolongadas.
Com isto estes sentem-se culpados por esta lacuna provocada por esta ausência,
e esta culpa leva-os a uma compreensão errônea e perigosa; a concessão exagerada.
Estes pais devem
compreender que o importante não é o número de horas que passa com seus filhos,
mas a qualidade destes momentos, propiciando atenção, afetividade,
companheirismo, e nestes momentos é preciso trabalhar com a questão dos
limites, sem medos ou culpas, mas com convicção, pois isto permitirá que elas
alcancem um desenvolvimento saudável e equilibrado.
Rossini afirma que
“no pensamento da criança, a falta de limites é codificada como ausência de
afeto, de amor. Portanto vale a pena dizer a elas o que fazer e como fazer,
mostrar os limites”.
Para aflorar e
desenvolver a afetividade é preciso resgatar os mitos do cotidiano, ou seja,
fazer um resgate das tradições, às vezes lendárias ou não que explicam ou
ilustram os principais acontecimentos da vida. Estes mitos estão relacionados à
postura dos pais, professores avós, a história, aos brinquedos e brincadeiras e
a religião.[1][1]
Na natureza tudo é
cíclico, rítmico, ou seja, as horas, dias, a terra e seus movimentos, os
oceanos e os animais com seus impulsos instintivos. Tudo que tem vida possui
ritmos cíclicos.
O ser humano como
fazendo elemento desta natureza, também tem o seu ritmo, entretanto mais
complexo que dos demais seres vivos. Ao ser gerado estabelece seu ritmo
cardíaco, ao nascer, respiratório...
Os ritmos externos,
ou seja, tudo que ocorrer a nossa volta é captado por nós, por exemplo, o nosso
comportamento modifica se ajustando ao ambiente em que nos encontramos,
operamos de uma maneira em uma festa, de outra em sala de aula...
Isto se dá pelo
episódio dos ritmos externos induzirem no comportamento humano, sabendo-se que
na natureza tudo é cíclico e rítmico, cada vez que este ritmo é fragmentado
ocorre à insegurança, o desequilíbrio, o desconforto.
Ao se instituir uma
rotina como ancoragem de horários, hábitos, práticas rotineiras, este ritmo
diário é interiorizado pelas crianças com ritmo bem estabelecido. A criança
adapta-se a eles e não gosta de vê-los desrespeitados.
Portanto, a escola
e a família, além de constituir estes ritmos diários, precisar cumpri-los na
íntegra, conscienciosos de que isto é benéfico para a criança. Com isto é
proporcionado a esta criança, aconchego, equilíbrio, segurança, contribuindo
assim, para o desenvolvimento saudável da afetividade.
BIBLIOGRAFIA
COSTA, Antonio Carlos Gomes da. Pedagogia da presença: da solidão ao
encontro. 2ª ed. Belo Horizonte: Modus Faciendi, 2001.
ROSSINI, Maria Augusta Sanches. Pedagogia afetiva. 3ª ed. Petrópolis:
Vozes, 2002.
Fonte
das Imagens: Imagens Google
[1][1] No livro da Rossini,
a autora elucida mitos que temos no nosso cotidiano, que são negativos para a
formação de nossas crianças, e nem sempre nos damos conta disto, e ao fazer a
leitura conseguimos nos encontrar na situação, portanto sugeriria a leitura desta
obra.
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